Um ato de amor ao próximo que pode salvar muitas vidas. Apesar desse forte significado, infelizmente a doação de órgãos no Brasil ainda é cercada por muitos mitos e desinformação. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), atualmente há mais de 45 mil pessoas na fila aguardando por um transplante. E, com a pandemia da Covid-19, a situação se agravou ainda mais, pois o número de doadores caiu drasticamente neste ano.
Assim, nada melhor do que tratar o assunto de forma clara e objetiva, tirando todas as dúvidas e incertezas. Por isso, separamos as principais questões que podem gerar confusão para esclarecer tudo sobre esse tema tão importante. Veja a seguir:
1 – Como funciona a doação de órgãos?
A doação de órgãos, depois da morte, só é possível se for constatada a confirmação da morte encefálica (morte cerebral) do paciente. Para isso, são realizados vários exames médicos que comprovam a falta de atividades cerebrais e, posteriormente, é feita uma avaliação para verificar a presença de câncer ou outra doença transmissível no possível doador. Enquanto isso, os aparelhos e medicamentos fazem com que o coração continue batendo para manter a irrigação sanguínea que mantém os órgãos viáveis para a doação e os médicos conversam com a família.
É importante lembrar que o diagnóstico de morte encefálica segue critérios específicos regulamentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), sem possibilidade de dúvidas.
2 – Como ser um doador?
De acordo com a atual legislação brasileira, a única forma de ser um doador pós-morte é com a autorização da família. Ou seja, se você tem o desejo de doar seus órgãos em caso de morte encefálica, é preciso conversar em vida com a sua família e pedir que ela autorize a doação depois de sua morte. Não são mais válidas as declarações nos documentos de identidade nem em carteiras de habilitação. Além disso, mesmo se você tiver a carteirinha de doador, somente com a autorização da sua família é que a doação dos órgãos pós-morte será possível.
3 – Quais os órgãos que podem ser doados?
Após a constatação da morte encefálica, é possível doar os seguintes órgãos: coração, fígado, rins, pâncreas, pulmões e pele; e também alguns tecidos, como ossos, córneas e medula óssea. Com isso, um único doador pode salvar mais de 20 pessoas. A posição na lista de espera é definida a partir de critérios como urgência do procedimento e tempo de espera.
4 – É possível ser um doador em vida?
Sim, é possível. A pessoa em vida pode doar um dos rins, parte da medula óssea e parte do fígado ou do pulmão, desde que não comprometa as suas funções vitais. Nesses casos, é preciso ter sangue compatível com o receptor e passar por avaliação médica. A doação pode ocorrer entre familiares de até quarto grau. Para doar para outras pessoas é preciso autorização judicial.
Fontes: ABTO; Ministério da Saúde e Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote).