Embora o índice de surgimento de casos de Coronavírus continue alto no Brasil, estudos e pesquisas recentes apontam para uma diminuição progressiva do número de óbitos, em parte significativa das capitais e regiões brasileiras. Uma das justificativas para a boa notícia é que as práticas médicas vêm sendo aperfeiçoadas nos hospitais, levando a protocolos mais assertivos e que tendem a demonstrar melhores resultados na recuperação do paciente.
Um relatório publicado pela revista Anaesthesia no mês de julho, com dados de 24 estudos feitos com mais de 10 mil pacientes internados em UTIs da Ásia, Europa e América do Norte, aponta redução da ordem de um terço na mortalidade, entre março e maio (de 60% para 42%).
O estudo indica que essa conquista é resultado de um conjunto de aprendizados de várias áreas da saúde no combate à doença. O combinado de práticas médicas indicado atualmente aos pacientes inclui diferentes doses de medicamentos e manejos de ventilação, além de técnicas não invasivas. Essa associação tem contribuído para a queda da taxa de mortalidade de pacientes graves de Covid-19 internados em UTIs.
Atualmente, há o entendimento geral de que os doentes estão recebendo melhores tratamentos nas UTIs do que no início da pandemia. Segundo médicos e especialistas, a curva de aprendizado sobre o Covid-19 foi impressionante e acelerada. Com pacientes internados numa UTI inteira com a mesma doença, foi possível observar, aprender e realizar pesquisas imediatas.
Ventilação x intubação
No Brasil, os protocolos orientados para adoção de ventilação não invasiva (com o uso de máscaras com reservatórios de oxigênio) foram sendo substituídos pelos primeiros protocolos, que orientavam para intubação precoce. Com a prevenção de intubação, o risco de morte – especialmente por conta de infecções bacterianas no processo – foi diminuído.
A posição prona, em que o paciente é virado de barriga para baixo para melhorar a oxigenação pulmonar, teve o uso ampliado. Antes realizada apenas com o paciente sedado sob ventilação mecânica, hoje também é feita com ele consciente, evitando a intubação em muitos casos.
A redução nos níveis de ventilação foi outro aprendizado. No início, pensava-se que o pulmão do paciente com Covid-19 era “mais duro” e precisava de altas pressões no ventilador para abri-lo. Mas são poucos os pulmões nessa condição. Os médicos perceberam que a ventilação excessiva poderia ocasionar um ferimento no pulmão, lesando o órgão – o que, segundo os médicos, mais prejudicava do que ajudava.
Menor sedação
Os protocolos de sedação também passaram por mudanças. Os profissionais intensivistas alertam que a sedação excessiva, além de efeitos como queda da pressão, leva o paciente a ficar mais tempo no ventilador e a ter mais riscos de infecção.
Medicamentos
A adoção de diferentes dosagens de medicações do tipo corticoide e anticoagulante também ajudaram. Com o uso mais padronizado dessas medicações, acompanhado da busca por sinais precoces de sinais de complicações como trombose, por exemplo, foi possível chegar a um protocolo preventivo de maior efeito. A adoção de uma rotina de uso de antibióticos de amplo espectro também favoreceu a recuperação de pacientes.
Novos protocolos
Os resultados da associação dos novos protocolos são promissores, mas a expansão e a divulgação das práticas mais recentes ainda é incipiente. Isso porque, segundo os médicos, é difícil que esse aprendizado chegue a regiões mais remotas. Ainda que os profissionais locais busquem informações, elas chegam de forma lenta e fragmentada.
No entanto, vários hospitais no País têm criado grupos para avaliar o impacto dos diferentes tratamentos da Covid-19. Nos centros médicos, profissionais de distintas especialidades têm adotado em conjunto novos protocolos, buscando soluções associativas que sejam capazes de combater a doença multissistêmica caracterizada pelo Coronavírus, que ataca órgãos como pulmão, coração, rins e cérebro.
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Fonte: Folha de S. Paulo
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